domingo, 25 de maio de 2008

Ótimas surpresas

Foram muitas as ótimas surpresas antes, durante e após as apresentações, ontem.
Foi lindo ver o Leone perdido, com a família. E a mulher e a filha, sem saberem o que fazer.
Foi lindo ver o Hermas mais que perdido, cumprindo algo para si mesmo - e ao fim gostando muito.
Foi lindo ver o Doni chegando sorrateiro dizendo que todos os outros furaram, mas que ele apareceu. Uma graça.
Foi maravilhoso ver a Rose completamente deslocada.
E o Osmar, o maravilhoso China, abafando com um terno do cacete. E a família fazendo jus ao seu papel de família enorme e unida. E as garotas fagueiras sem saber se falavam ou não.
E o Diego e irmão lá, confirmando que realmente há algo de muito honesto e inquieto nisso que faço, fazemos, fazem todos.
E tanta gente bonita. Um senhor negro pequeno, pequenininho. Um garoto mulato alto, alto, e humilde, coitado. E uma moça realmente perdida. E o Ruy Jobim, colega da ECA, que assiste sem conseguir ouvir, quase. E as atrizes de O Claustro, uma delas que se emociona (não vou dedurar).
E o Edu, que filma, tão amoroso, confirmando que não foi só ela que chorou no meio do espetáculo - e que ninguém viu, quem sabe só eu e ele. Não é lindo?
Há quem queira as luzes da ribalta. Algo para compensar, quem sabe. Eu, não. Quero ver e ser visto. Mas não quero ser devassado. Isso, só a quem me ama. Quero amar todos, sim. Mas não ao preço de me perder de mim mesmo.

A peça
O Brunno classificou de Leitura Dramática. Eu chamei de Exposição em 4 atos.
Não importa.
Parto do pressuposto de que nós, pessoas, cada vez mais, o dom da conversa. E que tudo parte de que não ouvimos o outro.
A exposição vem daí. É a exposição por meio da imagem da pessoa em estado natural e do texto que a revela. Não é uma leitura porque não sai para fora. Fica dentro. Ninguém lê nada para ninguém. Ele fala para si e deve mostrar isso, que os outros não existem, realmente, ou que precisam mostrar-lhe algo para existirem. Isso, ele diz em "Não estou só": se eles não se emocionarem, não estão aí.
O homem que foge expõe-se, também. Aproxima-se e vê todos face a face - como eles o vêem. Mas a luz destrói as faces: restam as sombras, as sobras. É a aproximação de alguém que vai embora. E vai. Não volta.
O homem no chão expõe sua situação e o ponto a que chegou. Sabe que agora só viverá se amar. Não explica o que seja isso. É óbvio.

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