Outra impressão indelével se deu enquanto eu permanecia atrás do Brunno, no primeiro ato, praticamente escondido por detrás de toda a luz que o engolfava e preparando-me para o segundo ato.
Bom, daquele ponto do palco é possível ver tudo. O Brunno por trás, o Rycardo à minha esquerda, e especialmente todos os espectadores de frente. De frente! (ALGO QUE TANTO MEDO ME DÁ TODOS OS DIAS)
E de frente posso ver como todos recebem o texto do Brunno, ou seja, meu texto. E vejo como a Débora Aoni chora, e como as pessoas se deixam afetar por aquilo que o Brunno fala, por mim mesmo. E eles o fazem na minha frente, como se eu estivesse vendo um fenômeno natural transcorrer livre à minha frente.
Faço a primeira apresentação do segundo ato e posto-me atrás do Brunno novamente. E percebo como não sou notado. Como posso fazer qualquer coisa, praticamente. Como estou à frente de todos, e faço o meu show, e não sou praticamente notado. E como permaneço livre nessa posição, livre para fazer qualquer coisa. Qualquer coisa. E como isso não me afeta. E como meu eu de Rodrigo permanece distante desse imbricamento. Estou completamente nu no palco, mas não sou mais eu. Isso é realmente uma sensação inexplicável de liberdade. Essa, que o teatro, e até agora só o teatro, dá, e realmente dá, não exigindo praticamente nada em troca. Questiono-me se quando eu me tornar profissional essa sensação continuará em mim. Acho que não. Mas não posso apostar nisso.
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